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domingo, 9 de fevereiro de 2014

SISTEMA SOLAR

 4ª. Parte


Vênus

      
Imagem de Vênus obtida pela sonda americana Mariner 5


      Vênus é o segundo planeta do Sistema Solar em ordem de distância a partir do Sol, orbitando-o a cada 224,7 dias.        

      Vênus tem uma atmosfera 92 vezes mais densa que a Terra, o que equivale mergulhar mais de 900 metros de profundidade no mar. Além disso, sua atmosfera é composta principalmente de gás carbônico, o que provoca um forte efeito estufa que eleva a temperatura da superfície para 460ºC, tornando Vênus o planeta mais quente do sistema solar, mesmo estando mais afastado que Mercúrio.
A duração do dia venusiano é maior que o seu ano. Para dar uma volta ao redor do Sol, Vênus leva 224 dias e 17 horas terrestres, enquanto que para dar uma volta ao redor do seu próprio eixo demora 243 dias.


FICHA TECNICA

·  Rotação:     243 dias
·  Translação: 224 dias e 17 horas
·  Diâmetro: 12012 km
·  Temp. Máxima: 482 C
·  Pressão atmosférica: - 92 bar
·  Luas: 0
·  Composição da atmosfera: Helio, Sódio e Oxigênio, dióxido de Carbono, enxofre, vapor d'água


Observações sobre o Planeta.

Vênus tal qual Mercúrio, não possui satélites naturais

Vênus é sempre mais brilhante do que as estrelas mais brilhantes fora do nosso sistema solar, como pode ser visto aqui sobre o Oceano Pacífico

MOVIMENTO DE ROTAÇÃO RETRÓGRADO

      De todos os planetas do sistema solar, Vênus é o único que apresenta movimento retrógrado, isto é, gira em sentido oposto. Em Vênus o Sol nasce no oeste e se pôe no leste.
Esquema mostrando o movimento RETRÓGADO de Vênus.



       Observados de um ponto sobre o polo norte do Sol, todos os planetas orbitam no sentido anti-horário; mas, enquanto a maioria dos planetas também gira sobre seu eixo no sentido anti-horário, Vênus gira em sentido horário, em uma rotação "retrógrada"

       Recebeu seu nome em homenagem à deusa romana do amor e da belezaVênus, equivalente a Afrodite.
       Depois da Lua, é o objeto mais brilhante do céu noturno, atingindo uma magnitude aparente de -4,6, o suficiente para produzir sombras. Como Vênus se encontra mais próximo do Sol do que a Terra, ele pode ser visto aproximadamente na mesma direção do Sol.  Vênus atinge seu brilho máximo algumas horas antes da alvorada ou depois do ocaso, sendo por isso conhecido como a estrela da manhã (Estrela d'Alva) ou estrela da tarde (Vésper); também é chamado Estrela do Pastor.
     Vênus é considerado um planeta do tipo terrestre ou telúrico, chamado com frequência de planeta irmão da Terra,  já que ambos são similares quanto ao tamanho, massa e com posição.  
Imagem de radar  de Vênus pela sonda da Magellan iem 1990.
      
Vênus é coberto por uma camada opaca de nuvens de ácido sulfúrico altamente reflexivas, impedindo que a sua superfície seja vista do espaço na luz visível. Ele possui a mais densa atmosfera entre todos os planetas terrestres do Sistema Solar, constituída principalmente de dióxido de carbono. Vênus não possui um ciclo do carbono para fixar o carbono em rochas ou outros componentes da superfície, nem parece ter qualquer vida orgânica para absorvê-lo como biomassa. Acredita-se que no passado Vênus possuía oceanos como os da Terra, 



 que se evaporaram quando a temperatura se elevou, restando uma paisagem desértica, seca e poeirenta, com muitas pedras em forma de placas. A água provavelmente se dissociou e, devido à inexistência de um campo magnético, o hidrogênio foi arrastado para o espaço interplanetário pelo vento solar.  A pressão atmosféricana superfície do planeta é 92 vezes a da Terra.
A superfície venusiana foi objeto de especulação até que alguns dos seus segredos foram revelados pela ciência planetária no século XX. Ele foi finalmente mapeado em detalhes pelo Projeto Magellan em 1990/1991. O solo apresenta evidências de extenso vulcanismo e o enxofre na atmosfera pode indicar que houve algumas erupções recentes. 
Crateras de impacto na superfície de Vénus (imagem reconstruída a partir de dados de radar)


        Entretanto, a falta de evidência de fluxo de lava acompanhando algumas das caldeiras visíveis permanece um enigma. O planeta possui poucas crateras de impacto, demonstrando que a superfície é relativamente jovem, com idade de aproximadamente 300-600 milhões de anos.  Não há evidência de placas tectônicas, possivelmente porque a crosta é muito forte para ser reduzida, sem água para torná-la menos viscosa. Em vez disso, Vênus pode perder seu calor interno em eventos periódicos de reposição da superfície.

Maat Mons com um exagero vertical de 22,5


Características físicas
      Vênus é um dos quatro planetas terrestres do Sistema Solar, significando que, como a Terra, ele é um corpo rochoso.  Em tamanho e massa, ele é muito similar à Terra, e é frequentemente descrito como "irmão" ou "gêmeo" da Terra. 




Comparação de tamanho de Mercúrio , Vênus, Terra e da Lua , Marte e Ceresna extrema direita. Isto pode não ser exatamente a escala, porque o disco visual de Vênus com a sua atmosfera faz com que pareça maior do que seu diâmetro de corpo sólido.
      O diâmetro de Vênus é apenas 650 km menor que o da Terra e sua massa é 81,5% a da Terra. Entretanto, as condições na superfície venusiana diferem radicalmente daquelas na Terra, devido à sua densa atmosfera de dióxido de carbono. A massa da atmosfera de Vênus é composta em 96,5% de dióxido de carbono, sendo o nitrogênio a maior parte do restante.

Estrutura interna

       Sem dados sísmicos ou conhecimento do seu momento de inércia, existe pouca informação sobre a estrutura interna e a geoquímica  de Vênus.   Entretanto, a similaridade em tamanho e densidade entre Vênus e a Terra sugere que eles possuem uma estrutura interna similar: núcleomanto e crosta.



      O núcleo de Vênus é, como o da Terra, pelo menos parcialmente líquido, porque os dois planetas têm se resfriado mais ou menos na mesma taxa.   O tamanho ligeiramente menor de Vênus sugere que as pressões são significativamente menores no seu interior do que na Terra. A principal diferença entre os dois planetas é a inexistência de placas tectônicas em Vênus, provavelmente devido à superfície e manto secos. Isto resulta em uma reduzida perda de calor pelo planeta, impedindo-o de se resfriar, e é a provável explicação para a falta de um campo magnético gerado internamente.


Geografia


Mapa de Vênus, mostrando os "continentes" elevados em amarelo: Ishtar Terra no alto e Afrodite Terra logo abaixo do equador, à direita.
      Cerca de 80% da superfície venusiana é coberta por suaves planícies vulcânicas, sendo que 70% são planícies com cadeias enrugadas e 10% são planícies suaves ou lobuladas. 




        Duas  mesetas principais em forma de continentes compõem o restante da superfície, uma situando-se no hemisfério norte e a outra logo ao sul do equador. A meseta ao norte é chamada de Ishtar Terra, em homenagem a Ishtar, a deusa babilônica do amor, e tem aproximadamente a superfície da Austrália.   Maxwell Montes, a montanha mais alta de Vênus, fica em Ishtar Terra. Seu pico fica 11.000 mts  acima da elevação média da superfície venusiana. O continente setentrional é chamado de Afrodite Terra, em homenagem à deusa grega do amor, e é a maior das duas mesetas, com o tamanho aproximado da América do Sul. Uma rede de fraturas e falhas cobre a maior parte desta área.   Além das crateras de impacto, montanhas e vales comumente encontrados nos planetas rochosos, Vênus reúne um conjunto de acidentes geográficos únicos. Entre esses, há vulcões com topo plano, chamados farras, que se parecem com panquecas e têm diâmetro variando entre 20 e 50 km e altura de 100 a 1 000 mts; sistemas de fraturas radiais estrelados, chamados novae; acidentes geográficos com fraturas radiais e concêntricas parecendo teias de aranha, conhecidos como aracnoides; ecoronae, anéis circulares de fraturas às vezes cercados por depressões. Esses acidentes têm origem vulcânica.

        A maior parte dos acidentes geográficos venusianos recebe o nome de mulheres históricas e mitológicas.   Exceções são o Maxwell Montes, em homenagem a James Clerk Maxwell, e as regiões altas Alpha RegioBeta Regio e Ovda Regio. Esses acidentes foram nomeados antes da adoção do sistema atual pela União Astronômica Internacional, a organização que administra a nomenclatura planetária.   As longitudes das características físicas em Vênus são expressas em relação à linha do meridiano principal. A linha do meridiano inicialmente passava pela mancha clara ao radar no centro do acidente oval Eva, localizado ao sul de Alpha Regio.   Depois das missões Venera, a linha do meridiano foi redefinida para passar pelo pico central da cratera Ariadne.

Geologia da superfície


Crateras de impacto na superfície de Vênus (imagem reconstruída a partir de dados de radar).

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        A maior parte da superfície venusiana parece ter sido formada por atividade vulcânica. Vênus tem um número de vulcões várias vezes superior ao da Terra e possui 167 enormes vulcões que têm mais de 100 km de diâmetro. O único complexo vulcânico deste tamanho na Terra é a Grande Ilha doHavaí



         Entretanto, isto não acontece por Vênus ser vulcanicamente mais ativo que a Terra, e sim porque sua crosta é mais velha. A crosta oceânicada Terra é continuamente reciclada por subducção nas bordas das placas tectônicas e tem uma idade média de cerca de 100 milhões de anos,  enquanto a idade da superfície venusiana é estimada entre 300 e 600 milhões de anos.    Várias evidências apontam para a existência de atividade vulcânica corrente em Vênus.

Crateras de impacto na superfície de Vénus (imagem reconstruída a partir de dados de radar)

       Durante o programa soviético Venera, as sondas Venera 11 e Venera12 detectaram um fluxo constante de raios, e a Venera 12 registrou um ruído poderoso de trovão assim que pousou. A sonda Venus Express  da Agência Espacial Europeia registrou raios abundantes na alta atmosfera.   Enquanto a chuva causa tempestades na Terra, não há chuva na superfície de Vênus (embora haja efetivamente chuva de ácido sulfúrico na atmosfera superior, que evapora cerca de 25 km acima da superfície). Uma possibilidade é que as cinzas de uma erupção vulcânica estivessem gerando os raios. Outra evidência vem de medições da concentração de dióxido de enxofre na atmosfera, que indicaram queda por um fator de 10 entre 1978 e 1986. Isto pode indicar que os níveis medidos inicialmente estavam elevados devido a uma grande erupção vulcânica.   Há quase mil crateras de impacto em Vênus, distribuídas igualmente na superfície. Em outros corpos celestes com crateras, como a Terra e a Lua, as crateras apresentam uma variedade de estados de degradação.  Na Lua, a degradação é causada por impactos subsequentes, enquanto na Terra ela é causada pela erosão do vento e chuva. Entretanto, em Vênus, cerca de 85% das crateras estão em sua condição original.  



        O número de crateras, junto com a sua bem preservada condição, indica que o planeta passou por um evento de recobrimento superficial entre 300 e 600 milhões de anos atrás,  seguido por uma queda do vulcanismo.   A crosta da Terra está em movimento contínuo, mas acredita-se que Vênus não possa sustentar um processo assim. Sem placas tectônicas para dissipar o calor do manto, Vênus passa por um processo cíclico no qual as temperaturas do manto se elevam até atingir um nível crítico que enfraquece a crosta. Então, durante um período de 100 milhões de anos, a subducção ocorre em enorme escala, reciclando completamente a crosta.   Os diâmetros das crateras venusianas variam entre 3 km e 280 km. Devido aos efeitos da densa atmosfera nos objetos que caem, não há crateras menores que 3 km. Objetos com energia cinética inferior a um determinado valor são tão desacelerados pela atmosfera que não criam uma cratera de impacto.  Projéteis com menos de 50 m de diâmetro fragmentam-se e incendeiam-se na atmosfera antes de atingir o solo.

Atmosfera e clima
Estrutura das nuvens na atmosfera venusiana em 1979, revelada pelas observações em ultravioleta da sonda Pioneer Venus Orbiter.

       Vênus tem uma atmosfera extremamente densa, que consiste principalmente de dióxido de carbono e uma pequena quantidade de nitrogênio.   A massa atmosférica é 93 vezes a da atmosfera da Terra, enquanto a pressão na superfície do planeta é 92 vezes aquela na superfície da Terra – uma pressão equivalente àquela a uma profundidade de quase 1 km no oceano da Terra. A densidade na superfície é de 65 kg/m³ (6,5% da densidade da água). A atmosfera rica em CO2, juntamente com as espessas nuvens de dióxido de enxofre, gera o mais forte efeito estufa do Sistema Solar, criando temperaturas na superfície acima de 460 °C. 
Imagem da atmosfera de Vênus captada ela sonda Galileu (NASA)


 Isto torna a superfície venusiana mais quente do que a de Mercúrio, que tem temperatura superficial mínima de -220 °C e a máxima de 420 °C,  071,1 W/m² na superfície). apesar de Vênus estar a uma distância do Sol quase duas vezes maior que a de Mercúrio e receber apenas 25% da irradiação solar que Mercúrio recebe (2 613,9 W/m² na atmosfera superior ao planeta mercuriano)
Estudos sugeriram que há alguns bilhões de anos a atmosfera venusiana era muito mais parecida com a da Terra do que é agora, e que havia provavelmente substanciais quantidades de água líquida na superfície, mas um efeito estufa foi causado pela evaporação da água original, o que gerou um nível crítico de gases de efeito estufa na atmosfera.   


Órbita e rotação

  
Vênus gira em torno do seu eixo na direção oposta da maioria dos planetas do Sistema Solar.
      Vênus orbita o Sol a uma distância média de cerca de 108 milhões de quilômetros (cerca de 0,7 UA) e completa uma órbita a cada 224,65 dias.
      Vênus gira sobre seu eixo a cada 243 dias terrestres – de longe, a mais lenta rotação entre todos os planetas. No equador.


Exploração

Esforços iniciais

       A primeira missão de uma sonda espacial robótica a Vênus, e a primeira para qualquer planeta, começou em 12 de fevereiro de 1961, com o lançamento da sonda Venera 1.        
Sonda soviética Venera 1
A primeira nave do, quanto ao mais, altamente bem sucedido 
Programa Venera soviético, a Venera I foi lançada numa trajetória de impacto direto, mas o contato foi perdido após sete dias de missão, quando a sonda estava a cerca de dois milhões de quilômetros da Terra. Estima-se que ela tenha passado a 100 mil quilômetros de Vênus em meados de maio.
       A exploração de Vênus pelos Estados Unidos também começou mal, com a perda da sonda Mariner 1 no lançamento. A missão subsequente Mariner 2 



Mariner 2 no espaço (NASA)
obteve maior sucesso e, depois de uma órbita de transferência de 109 dias, em 14 de dezembro de 1962 ela se tornou a primeira missão interplanetária com sucesso, passando a 34833 km da superfície de Vênus. Os seus radiômetros de microondas e infravermelho revelaram que, enquanto o topo das nuvens venusianas era frio, a superfície era extremamente quente – pelo menos 425 °C, finalmente descartando quaisquer esperanças de que o planeta poderia abrigar vida na superfície. A Mariner 2 também melhorou as estimativas da massa e da Unidade Astronômica, mas não foi capaz de detectar um campo magnético ou cinturão de radiação.

Entrada na atmosfera

A sonda soviética Venera 3 chocou-se contra o solo de Vênus em 1 de março de 1966. Era o primeiro objeto fabricado pelo homem a entrar na atmosfera e atingir a superfície de outro planeta, embora o seu sistema de comunicação tenha falhado antes que fosse possível retornar qualquer dado do planeta.  O encontro seguinte de Vênus com uma sonda não tripulada ocorreu em 18 de outubro de 1967, quando a Venera 4 entrou na atmosfera com sucesso e desenvolveu uma série de experimentos científicos. A Venera 4 mostrou que a temperatura na superfície era ainda maior do que a medida pela Mariner 2 – quase 500 °C, e que entre 90 e 95% da atmosfera eram dióxido de carbono. A atmosfera venusiana era consideravelmente mais densa do que os projetistas da Venera 4 tinham previsto, e a queda do paraquedas mais lenta do que o pretendido implicou que as suas baterias se esgotaram antes de a sonda atingir a superfície. Depois de retornar dados da descida por 93 minutos, a última leitura da pressão foi de 18 bar, a uma altitude de 24,96 km.
Outra sonda chegou a Vênus um dia depois, em 19 de outubro de 1967, quando a Mariner 5 realizou um sobrevoo a uma distância de menos de 4000 km sobre o topo das nuvens. A Mariner 5 foi originalmente construída como reserva da sonda Mariner 4 enviada a Marte, mas como esta missão foi bem sucedida, a outra sonda foi reprogramada para uma missão a Vênus. Um conjunto de instrumentos mais sensíveis do que aqueles da Mariner 2, em particular o seu experimento de rádio-ocultação, retornou dados sobre a composição, pressão e densidade da atmosfera venusiana.83 Os dados do conjunto Venera 4-Mariner 5 foram analisados por uma equipe combinada soviético-americana, em uma série de colóquios ao longo do ano seguinte,  num exemplo inicial de cooperação espacial.
Armada com as lições e dados obtidos com a Venera 4, a União Soviética lançou as sondas gêmeas Venera 5 e Venera 6, com cinco dias de diferença em janeiro de 1969; elas chegaram a Vênus com um dia de diferença, em 16 e 17 de maio daquele ano. As sondas foram reforçadas para melhorar a sua altitude de esmagamento para 25 bar e foram equipadas com paraquedas menores para permitir uma descida mais rápida. Como os modelos atmosféricos então considerados de Vênus sugeriam uma pressão na superfície entre 75 e 100 bar, não era esperado que elas sobrevivessem à superfície. Depois de retornar dados atmosféricos por um pouco mais de 50 minutos, ambas foram esmagadas a altitudes de aproximadamente 20 km, antes de chocarem-se com a superfície no lado escuro de Vênus.

Ciência da superfície e da atmosfera

A Pioneer Venus 1 em órbita.
Venera 7 representou um esforço para retornar dados da superfície do planeta, e foi construída com um módulo de descida reforçado, capaz de suportar uma pressão de 180 bar. O módulo foi pré-resfriado antes da entrada e equipado com um paraquedas especial para uma descida rápida de 35 minutos. Ao entrar na atmosfera no dia 15 de dezembro de 1970, acredita-se que o paraquedas tenha se rasgado parcialmente durante a descida, e a sonda atingiu a superfície com um forte impacto, embora não fatal. Provavelmente inclinada para um lado, ela retornou um sinal fraco, fornecendo dados da temperatura por 23 minutos, na primeira telemetria recebida da superfície de outro planeta.
O programa Venera continuou com a Venera 8 enviando dados da superfície por 50 minutos,
Sonda Venera 8


 e a Venera 9 Venera 10 
Sonda Venera 8

enviando as primeiras imagens da paisagem venusiana. Os dois locais de descida apresentaram terrenos muito diferentes nas vizinhanças das sondas: a Venera 9 tinha descido num declive de 20 graus de inclinação, com pedras de 30 a 40 cm espalhadas em volta; a Venera 10 mostrou lajes rochosas semelhantes a basalto, entremeadas com material desgastado pelas intempéries. 


Imagens do solo de Vênus pela sonda soviética Venera 9

      Enquanto isso, os Estados Unidos tinham enviado a sonda Mariner 10 
Lançamento da Mariner 10

numa trajetória em gravidade assistida por Vênus, no seu caminho paraMercúrio. Em 5 de fevereiro de 1974, a Mariner 10 passou a 5790 km de Vênus, enviando mais de 4000 fotografias. 
Mariner 10 (NASA)

        As imagens, as melhores até então obtidas, mostravam que o planeta era quase sem acidentes geográficos à luz visível, mas a luz ultravioleta revelou detalhes nas nuvens que nunca haviam sido vistos nas observações a partir da Terra.

Ficheiro:Pioneer Venus orbiter.jpg
Pioneer Venus Orbiter  (NASA)
             O projeto americano Pioneer Venus consistiu de duas missões separadas.  A Pioneer Venus Orbiter foi inserida numa órbita elíptica em torno de Vênus em 4 de dezembro de 1978 e lá permaneceu por mais de 13 anos, estudando a atmosfera e mapeando a superfície com radar.

       A Pioneer Venus Multiprobe liberou um total de quatro sondas, que entraram na atmosfera em 9 de dezembro de 1978, retornando dados da sua composição, ventos e fluxos de calor.
Ficheiro:Pioneer Venus Multiprobe spacecraft.jpg
A multissonda Pioneer com o seu orbitador principal e as três sondas atmosféricas.

        Quatro outras missões Venera ocorreram ao longo dos quatro anos seguintes, com a Venera 11 e a Venera 12 detectando as tempestades elétricas venusianas,  e a Venera 13 descendo com quatro dias de diferença em 1 e 5 de março de 1982 e retornando as primeiras fotografias coloridas da superfície.

Imagem da superfície venusiana pela sonda Venera 13
Todas as missões abriram paraquedas para frear na atmosfera superior, mas os liberaram a uma altitude de 50 km, já que a densa atmosfera inferior fornecia fricção suficiente para uma descida suave. A Venera 13 e a 14 analisaram amostras de solo com um espectrômetro  por fluorescência de raios X e tentaram medir a compressibilidade do solo com uma sonda de impacto.



       A Venera 14, entretanto, teve a má sorte de atingir a capa ejetada da lente da câmera, e com isso a sonda não atingiu o solo.  O programa Venera chegou ao fim em outubro de 1983, quando a Venera 15 e a Venera 16 foram colocadas em órbita para conduzir o mapeamento do solo venusiano com um radar de abertura sintética. 



Imagem captada do solo de Vênus pela Venera 16
        Em 1985, a União Soviética aproveitou a oportunidade de combinar missões a Vênus e ao cometa Halley, que passava pelo Sistema Solar interno naquele ano. No caminho para o Halley, em 11 e 15 de junho de 1985 cada uma das duas naves da Missão Vega lançou uma sonda do tipo Venera (das quais a da Vega 1 falhou parcialmente) e liberou na alta atmosfera um aerobot (robô aéreo suportado por balão). Os balões alcançaram uma altitude de equilíbrio de cerca de 53 km, onde a pressão e a temperatura são comparáveis às da superfície da Terra. Eles permaneceram operacionais por aproximadamente 46 horas e descobriram que a atmosfera venusiana era mais turbulenta do que se acreditava anteriormente e sujeita a fortes ventos e poderosas células de convecção.

Mapeamento com radar
Mapeamento de Vênus feito por radar pela Magellan


        A sonda americana Magellan foi lançada em 4 de maio de 1989, com a missão de mapear a superfície de Vênus com radar. 


Sonda Magellan, após lançamento, orbitando a Terra, antes de ser impulsionada a Vênus.

    As imagens de alta definição obtidas durante os 4 ½ anos de operação superaram de longe todos os mapas anteriores e foram comparados a fotografias a luz visível de outros planetas. A Magellan captou imagens de cerca de 98 % da superfície de Venus por radar  e mapeou 95 % do seu campo gravitacional. Em 1994, no fim da sua missão, a Magellan foi deliberadamente enviada para destruição na atmosfera de Vênus para quantificar a sua densidade.  Vênus foi observada pelas naves Galileu e Cassini, durante sobrevoos em suas missões para os planetas externos, mas a Magellan foi a última missão dedicada a Vênus por mais de uma década.

Missões atuais e futuras

        A sonda Venus Express foi projetada e construída pela Agência Espacial Europeia. Lançada em 9 de novembro de 2005 por um foguete russo Soyuz-Fregat, ela assumiu com sucesso uma órbita polar de Vênus em 11 de abril de 2006.  


Sonda Vênus Express
       A sonda está realizando um detalhado estudo da atmosfera e nuvens venusianas e também fará o mapeamento do ambiente de plasma do planeta e características da superfície, particularmente as temperaturas. A sua missão tem a intenção de durar 500 dias terrestres, ou cerca de dois anos venusianos. Um dos principais resultados da missão Venus Express é a descoberta da existência de um enorme vórtex atmosférico no polo sul do planeta.


Venus Express em órbita de Vênus


         A missão MESSENGER da NASA a Mercúrio realizou dois sobrevoos de Vênus em outubro de 2006 e junho de 2007, para desacelerar a sua trajetória para uma inserção orbital de Mercúrio em 2011. A MESSENGER coletou dados científicos nesses dois sobrevoos.  A Agência Espacial Europeia também lançará uma missão a Mercúrio em 2014, denominada BepiColombo, que realizará dois sobrevoos de Vênus antes de alcançar a órbita de Mercúrio em 2020.
        Novas missões a Vênus estão em planejamento. O órgão aeroespacial japonês JAXA concebeu um orbitador a Vênus, o Akatsuki (anteriormente “Planeta-C”), lançado em 20 de maio de 2010. A nave falhou na entrada em órbita em dezembro de 2010, entretanto permanecem as esperanças de que ela possa hibernar e fazer uma nova tentativa de inserção em órbita nos próximos seis anos. As pesquisas planejadas incluem a realização de imagens da superfície com câmera infravermelha e experimentos voltados para confirmar a presença de raios, bem como para a determinação da existência de vulcanismo superficial atual.
       Sob o seu Programa Novas Fronteiras, a Nasa recomendou a missão Surface and Atmosphere Geochemical Explorer (SAGE) como candidata para descer em Vênus, com um possível lançamento em 2016.

Sobrevoo  tripulado de Vênus

      Uma missão tripulada de sobrevoo de Vênus, usando os equipamentos do Projeto Apollo, foi proposta no final da década de 1960.  A missão foi planejada para lançamento em outubro ou novembro de 1973 e usaria um foguete Saturno V para enviar três homens até Vênus, numa missão de aproximadamente um ano. A espaçonave passaria a aproximadamente 5.000 km da superfície de Vênus, cerca de quatro meses depois da partida.